quinta-feira, 21 de abril de 2011

change

Mudança. Mudança de pensamento, de raciocínio, de agir. Mudanças são sempre muito bem vindas, e em meu consciente concluo que cada indivíduo em si está em processo de mudança desde o dia do seu nascimento até o dia em que para o pó voltará. As estações mudam, as coisas evoluem, crescem, são reveladas. E o sentimento de mudança está ligado a cada um destes verbos. Há apenas um, infálivel, imensurável, indescritível que não muda: Deus. Porém somos as criaturas feitas pelas mãos dele e estamos em constante processo de mudança.
Há uma frase de Clarice Lispector que diz: "Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma sempre". Me identifico muito com essa frase, Lispector foi um ser pensante que formulou conceitos e dizeres incríveis (embora eu não entre em plena concordância com uma pequena parte deles), mas essa citação feita por Clarice me deixa perplexa, a pensar sobre a importância de "não ser a mesma sempre". Por que uma simples garota de 16 anos pensaria em não ser a mesma sempre? Simples. Porque sou um ser pensante, que se move também pela razão(note o também, porque não sou movida exclusivamente por ela). Ao observar o transcorrer da vida humana, em seu cotidiano individualista e frio surge dentro de mim o pensamento de que com as informações geradas nos tecidos sociais, posso plenamente concluir que estamos em constante processo de mudança. E eu acho isso maravilhosamente lindo. Heráclito me entenderia.
Por isso quero dizer a você que está lendo esse post (se é que alguém no mundo lê meus pensamentos, publicados aqui. E se não há ninguém, não me importo, vejo o meu blog como expressão de meus pensamentos e não publicação e propaganda deles) que mudança é a chave. Questione, Racionalize, Aja, Mude. A Mudança é a única constante e parte do princípio do não comodismo. Não seja mais um. Seja a mudança.

L.S.

terça-feira, 12 de abril de 2011

eternidade

A liberdade que às vezes sentia. Não vinha de reflexões nítidas, mas de um estado como feito de percepções por demais orgânicas para serem formuladas em pensamentos. Às vezes, no fundo da sensação tremulava uma ideia que lhe dava leve consciência de sua espécie e de sua cor.
O estado para onde deslizava quando murmurava: eternidade. O próprio pensamento adquiria uma qualidade de eternidade. Aprofundava-se magicamente e alargava-se, sem propriamente um conteúdo e uma forma, mas sem dimensões também. A impressão de que se conseguisse manter-se na sensação por mais uns instantes teria uma revelação - facilmente, como enxergar o resto do mundo apenas inclinando-se da terra para o espaço. Eternidade não era só o tempo, mas algo como a certeza enraizadamente profunda de não poder contê-lo no corpo por causa da morte; a impossibilidade de ultrapassar a eternidade era eternidade; e também era eterno um sentimento em pureza absoluta, quase abstrato. Sobretudo dava ideia de eternidade a impossibilidade de saber quantos seres humanos se sucederiam após seu corpo, que um dia estaria distante do presente com a velocidade de um bólido.
Definia eternidade e as explicações nasciam fatais como as pancadas do coração. Delas não mudaria um termo sequer, de tal modo eram sua verdade. Porém mal brotavam, tornavam-se vazias logicamente. Definir eternidade como uma quantidade maior que o tempo e maior mesmo do que o tempo que a mente humana pode suportar a ideia também não permitiria, ainda assim, alcançar sua duração. Sua qualidade era exatamente não ter quantidade, não ser mensurável e divisível porque tudo o que se podia medir e dividir tinha um princípio e um fim. Eternidade não era a quantidade infinitamente grande que se desgastava, mas eternidade era a sucessão.

(Trecho retirado de Perto do Coração Selvagem, Lispector C.)